terça-feira, 27 de julho de 2010

daMutabilidade II

A invenção nasce da mistura, da metamorfose entre o conhecimento que se possui. O conceito de mutação, transformação remete para a fluidez, algo que existe em movimento. A obra visual pode ser pensada enquanto determinado estado de suspensão.
A necessidade psicológica ou capacidade criativa de atribuir formas concretas a imagens abstractas é também motor de interesse. O Homem tem como tendência auto-projectar-se no mundo que o rodeia e reconhecer em algo, aparentemente comum e banal, imagens próprias. As imagens são usadas como estímulo ao surgimento do desenho.
O tempo é pensado activamente: enquanto esperamos estamos sujeitos ao passar do tempo e o que fazemos com esse tempo é variável. A criação é sempre uma afirmação, uma tentativa de sublimar.
A gravação, a descrição por meio da linha fazem-se como tentativa de evitar o desvanecimento da memória.
A memória como evocação do passado, refere-se também à acção do Tempo sobre nós. Segundo Marcel Proust, a memória é a garantia da nossa identidade, uma vez que reúne o nosso passado ao que somos. É inseparável da consciência do tempo, da sua percepção como algo que escoa ou passa. O tempo implica sempre uma duração limitada, uma oportunidade de vivência. A memória e a própria criação artística são uma afirmação de existência.
A memória faz parte dessa consciência. Esquecer, é sempre perder alguma coisa. Por outro lado o esquecimento é também necessário ao equilíbrio psicológico. A memória é uma das formas fundamentais da existência humana, fundamental para a individualização e identidade. A ligação entre o desenho e a memória é forte, uma vez que ele serve como registo. Daqui pode-se depreender uma espécie de sentimento de posse sobre o motivo. 


Ana Neves

Reanimation

The event takes place in one part of the complex of the first hospital in O'Porto. The voluminous atmosphere has acclimatised itself and left the rudiments of its metamorphose - the oneiric objects therein and the capacious, organic and quiant space is to be seen from the standpoint of art which blows the soul back into the bones of the hospital itself. 

Ana Azevedo nasceu no Porto, Portugal, em 1982. É licenciada em Artes Plásticas, pela FBAUP. Actualmente vive e trabalha no Porto, Portugal. Enquanto artista plástica tem vindo a realizar uma série de exposições individuais e colectivas em Portugal, Espanha, França e China. Os media que utiliza são variáveis, passando pelo desenho, a pintura, a escultura, a fotografia, o vídeo e a instalação. Presentemente tem vindo a assumir, cada vez mais, a importância do desenho no seu trabalho. 

Sara Leão, 1983, Porto, Portugal. Foi aluna de Psicologia, passou pelo Teatro Universitário do Minho, estudou Fotografia. 

Para a exposição "Reanimation" desenvolveu-se uma colaboração entre Ana Azevedo e Sara Leão. O diálogo entre as duas autoras fez-se partindo da decomposição e análise etimológica da palavra reanimação - começamos a dar alma, dar vida. Do mesmo modo considerou-se a história do espaço, outrora hospital. As obras resultantes assumem-se no formato de vídeo e instalação. Dissemos o sopro vital que é dádiva e respiração e a sua natureza imaterializável. Procuramos vida, a alteração cíclica que provoca nos seres. O conceito de ciclo ressalta imediatamente o papel do tempo, da repetição e do infinito.

O vazio ou o silêncio branco oferecem-se. Pela percepção do nada surge a consciência do todo e do todo novamente obtém-se nada.


Histologia da Cor 

O silêncio é branco e hirto. A reanimação surge aqui sob a coloração das formas vegetais, a ressureição dos tecidos pela cor, a percepção dos canais condutores. 








Histologia da Cor,
Instalação,
Materiais diversos,
2009






















O Eco da Sereia
«As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que o seu canto: o seu silêncio.» Kafka.
 O eco testemunha a repetição/imitação. O som contínuo das vozes traduz a passagem do sopro vital.





O Eco da Sereia,
Video-Instalação, 2009





No Meio
 O vídeo apresentado trata-se duma representação do ciclo respiratório que, por sua vez, funciona como metáfora das ideias de vida, movimento, morte, suspensão.




No Meio,
Video-Instalação, 2009






Statement


Para a análise do meu corpo de trabalho é fundamental realçar a importância do desenho. Este meio de expressão surge através de variados modos de decifração de modo mais directo ou indirecto. É, na realidade, a linha condutora de algo que pode, à primeira vista parecer desconexo. Tal sucede através das questões que a sua própria natureza levanta. O desenho que existe enquanto processo e também enquanto idealização mental de algo. O desenho que, de modo intuitivo, conjuga a cultura com a fisicalidade. 


Interessa-me a génese da criação, inicialmente ocorrendo de modo descomprometido. Em dado momento aproximei-me da temática dos “doodles” (rabiscos) – são um tipo de desenho que, devido às suas características, são normalmente pouco valorizados e mantidos numa marginalidade na qual, normalmente, apenas o seu autor tem acesso. Nascem do aborrecimento. 


O meu trabalho procura reflectir sobre a natureza humana e a necessidade de assinalar a sua passagem. Deste modo o tempo e espaço são conceitos essenciais para o delineamento do assunto. A própria acção de desenhar reivindica um tempo e um espaço de um ponto a outro. O resultado gráfico consiste no registo do percurso. 





Ana Neves






Clima de Saturno

A intervenção foi realizada  inserida no PROJECTO COLECTOR, no espaço do Museu D. Diogo de Sousa em Braga (Museu Regional de Arqueologia) , com a temática O Tempo.
A ligação imediata faz-se com o tempo cronológico. Desenvolveu-se uma relação interessante com o próprio espólio do museu uma vez que este remete para o testemunho histórico dum período específico (colecções que abarcam o Paleolítico e a Idade do Ferro, Bracara Augusta). Para além desta abordagem mais directa foi feita uma abordagem com o tempo meteorológico. A intervenção versou estes dois tempos. O tempo cronológico foi referido pela sua fugacidade e pela mutabilidade que provoca sobre os objectos e os seres. O tempo meteorológico surgiu através da transferência de nuvens, na forma de desenho, para o interior do Museu.
A atenção dirigiu-se ao deus Saturno.
Realizou-se um grupo de desenhos interligando a natural tendência humana de ver formas nas nuvens com figuras mitológicas, de que é exemplo Saturno.
A nuvem exprime o transitório e fugaz, tal como a vida humana. 




Clima de Saturno
 Ana Azevedo
 desenho s/papel de engenharia
 85 x 119 cm
 2008


Ana Neves





daMutabilidade

Sem Título 1
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008






















Sem Título 2
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008























Sem Título 3
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008



























Sem Título 4
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008
























Sem Título 5
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008



























Sem Título 6
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008


























Sem Título 8
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008



























Sem Título 10
Esferográfica s/papel,
Dimensões variáveis
2008






















Sem Título
Acrílico s/tela, seda
2009



























Ana Neves